quarta-feira, maio 27, 2009

Roriz: Política da AGRESSÃO

Baixaria e truculência no PMDB: Ex-governador RORIZ xinga Filippelli depois que ele ressaltou o apoio da deputada Jaqueline Roriz ao atual governo. Manifestantes uniformizados gritam palavrões e danificam carro do parlamentar peemedebista.

Um seminário do PMDB-DF terminou ontem em baixaria. Um grupo de manifestantes com camisetas de apoio ao ex-governador Joaquim Roriz (PMDB) xingou o presidente regional do PMDB, Tadeu Filippelli, de traíra e de palavras de baixo calão. A confusão no auditório da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI) começou depois que o próprio Roriz perdeu a calma e atacou o parlamentar. Usou termos como ?mentiroso? e ?vagabundo?, irritado com uma referência feita pelo peemedebista ao apoio da deputada distrital Jaqueline Roriz (PSDB) ao Governo do Distrito Federal.

O seminário foi marcado para o partido debater temas e conteúdos programáticos. A cúpula do PMDB local estava lá. O debate estava tranquilo até a chegada de Roriz, por volta das 10h30. Ele entrou no auditório acompanhado de uma claque. Manifestantes usavam uma camiseta branca com os dizeres ?Roriz de novo com o PMDB e o povo?. Em seu discurso, o ex-governador apontou para os antigos aliados e lembrou que todos integraram seu governo, embora agora não estejam mais a seu lado. Disse que não está em campanha ainda e tem preferido se manter longe dos holofotes, mas na hora certa vai ?atropelar? todo mundo que estiver na frente dele.

Filippelli adotou um discurso de conciliação, mas marcou posição. Afirmou considerar que ?ninguém sozinho é maior do que o PMDB? e ?ninguém é candidato de si mesmo?. Roriz estava a seu lado, com uma fisionomia fechada. O presidente do PMDB-DF pediu para que todos evitassem manifestações de hostilidade a posições divergentes. ?Política se faz com união. Não se faz com confronto e conflitos?, afirmou. O clima esquentou quando ele disse que Jaqueline apoia o governo Arruda desde o primeiro dia e, inclusive, é responsável por indicações políticas. Nesse momento, Filippelli recebeu uma vaia.

Assim que o deputado terminou de falar, Roriz puxou o microfone, que já estava sem som. Ele não gostou de ter a palavra cortada e começou a gritar. Esmurrou o ar e gesticulou. Esse comportamento atiçou a claque. Antigos cabos eleitorais de Roriz, como Valdir França, o Valdirzão, conhecido por sempre provocar adversários do ex-governador, estavam presentes. Os manifestantes então começaram a gritar: ?traíra, filho da p.?. Filippelli deixou o auditório acompanhado de 10 seguranças, contratados especialmente para a sua proteção no seminário. Ele adotou esse procedimento porque temia ser hostilizado novamente por partidários de Roriz. Na inauguração do escritório político do ex-governador no Setor de Indústrias em abril, já houve um constrangimento. Filippelli, os deputados distritais Eurides Brito e Rôney Nemer, além do senador Gim Argello (PTB-DF), foram vaiados.

Constrangimentos

Na saída ontem, Filippelli teve dificuldades para entrar no carro. Alguns manifestantes ? que não estavam com o uniforme da claque ? chutaram a caminhonete. O veículo também ficou arranhado. ?Avalio o episódio como lamentável. Já é a segunda vez que a claque causa constrangimentos em eventos que deveriam ter um desfecho de grande comemoração?, lamentou Filippelli. ?O grau de agressividade está evoluindo e se continuar nessa escalada, temo pela integridade física das pessoas?, acrescentou. Ele, no entanto, disse que ainda não pretende tomar nenhuma providência.

Eurides Brito também lamentou o ocorrido. ?O objetivo do seminário foi totalmente desvirtuado. Não era hora de se falar em candidaturas e sim de discutir temas como habitação e educação?, reclamou. Na mesa de debates, havia vários companheiros históricos de Roriz, como Odilon Aires, Ivelise Longhi, Rogério Rosso e Rôney Nemer, além de Eurides e Filippelli. Vários peemedebistas disseram ao Correio que ficaram impressionados com o destempero de Roriz.

Não é a primeira vez que o ex-governador perde a linha. Quando era governador, ele usou em discursos termos como ?crioulo petista? e também anunciou, certa vez, que ouviu de desembargadores a garantia de que seria absolvido em processos. Nos dois casos, ele se retratou depois. Dessa vez, Roriz está incomodado com os colegas de partido porque não tem mais confiança de que conseguirá o apoio de seu antigo grupo político para disputar a eleição em 2010 a um quinto mandato de governador. Pesquisas indicam que ele tem patrimônio eleitoral, mas a maioria do PMDB apoia o governador Arruda, apontado como candidato à reeleição. Reportagem do Correio de ontem mostrou que Roriz busca uma intervenção nacional no PMDB-DF que lhe garanta o controle das decisões. Mas o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), já avisou que não aprova essa hipótese.

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Subordinação chega ao fim

Se alguém ainda tinha dúvidas, ficou bem claro ontem: não existe mais parceria política e amizade entre o ex-governador Joaquim Roriz e o deputado federal Tadeu Filippelli. Os dois já foram parentes ? Filippelli foi casado com uma sobrinha da ex-primeira-dama Weslian Roriz ? e eram considerados aliados fortes. Mas hoje a relação é outra. Roriz demonstra não aceitar que o discípulo tenha alçado voo próprio e não esteja mais a reboque de suas pretensões. Filippelli passou a demonstrar que suas decisões não estão mais subordinadas aos interesses do ex-governador.

Quando Filippelli se acertou com o governador José Roberto Arruda e indicou toda a diretoria da Novacap, muita gente no meio político ainda avaliava que Roriz estaria por trás dessa escolha. Esse raciocínio era baseado no conhecido perfil de Filippelli. Durante muitos anos, ele não era capaz de dar um passo sem consultar Roriz. Todos os projetos pessoais eram deixados de lado para atender um ?plano superior? traçado pelo líder. Em 2006, Filippelli sonhava ser candidato a governador. Foi preterido pela escolha de Roriz pela então governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB).

Ele, então, passou a trabalhar para integrar a chapa como vice. Perdeu o posto, no entanto, para o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Maurício Corrêa. Na campanha, Filippelli pediu votos para Abadia e deixou de conquistar eleitores de sua própria base que preferiam a eleição de Arruda, a exemplo de peemedebistas como Eurides Brito, Odilon Aires, Fábio Simão e Benício Tavares. Roriz não atacou Arruda e ganhou votos de eleitores das duas campanhas. Filippelli cresceu muito com Roriz, mas percebeu que chegou a hora de traçar sozinho sua trajetória política. (AMC)


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Homem de paz?

O ex-governador Joaquim Roriz (PMDB) disse ontem ao Correio que vai anunciar publicamente intenção de se candidatar ao Governo do Distrito Federal assim que a legislação permitir o início das campanhas eleitorais. Ele evita falar em rompimento com o deputado Tadeu Filippelli (PMDB-DF), mas garantiu que vai procurar outro partido, caso o PMDB feche as portas para as suas pretensões em 2010. ?Se o PMDB não me quiser, será que eu não acho um partido para me dar legenda??, indagou.

Depois da confusão no seminário do PMDB, Roriz voltou para sua casa no Park Way e analisou com pessoas próximas a repercussão do embate no auditório da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI). Ao Correio, Roriz afirmou que não organizou nenhuma claque para constranger Filippelli. ?Às vezes, a minha presença estimula manifestações. O povo aplaude. Mas se alguém agiu assim (com ataques), não teve a minha autorização?, disse. ?Sou um homem de paz. Jamais faria algo que não fosse ético. Estou acima dessas questiúnculas. Se alguém fez, tem a minha total reprovação?, acrescentou.

O ex-governador explicou que se exaltou no seminário porque Filippelli citou o nome da filha dele, a deputada Jaqueline Roriz (PSDB), como aliada do governador José Roberto Arruda (DEM). ?A minha filha não estava lá e foi humilhada. Não era tema de assunto de um congresso do PMDB. Não admito que coloquem o nome da minha filha dessa forma?, afirmou Roriz. Ele também negou que haja uma crise no PMDB. ?Isso não existe. Foi um problema episódico?, afirmou.

Por Ana Maria Campos

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