segunda-feira, julho 27, 2009

Política - Senado é reduto do coronelismo político mais atrasado

As gravações feitas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Boi Barrica - com autorização judicial -, divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, revelaram o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como um atuante articulador nos negócios e também na política. Um dos alvos preferidos dele, revelam os diálogos, é o setor elétrico - nos telefonemas, interlocutores como o diretor da Eletrobrás, Astrogildo Quental, e o assessor do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) Antonio Carlos Lima, o Pipoca.

Uma outra sequência de diálogos gravados pela Polícia Federal, com autorização judicial, durante a mesma Operação Boi Barrica, revela a prática de nepotismo explícito pea família Sarney no Senado e amarra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), ao ex-diretor-geral Agaciel Maia na prestação de favores concedidos por meio de atos secretos.

Em conversa com o filho, alvo da investigação, Sarney caiu na interceptação. Segundo a gravação, o senador se compromete a falar com Agaciel para sacramentar a nomeação. O namorado da neta foi nomeado oito dias depois, por ato secreto.

Namorado da neta

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, uma das conversas, o empresário Fernando Sarney, filho do parlamentar, diz à filha, Maria Beatriz Sarney, que mandou Agaciel reservar uma vaga para o namorado dela, Henrique Dias Bernardes.

De acordo com as gravações, Maria Beatriz Sarney, neta do presidente do Senado, mandou Agaciel reservar uma vaga para o namorado dela, Henrique Dias Bernardes. Em um diálogo entre Fernando Sarney e o ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, que caiu por causa de uma série de denúncias, o filho de José Sarney justifica a nomeação do namorado da filha com a expressão "já que a vaga é nossa".

O argumento revela que os senadores da República, que transformaram o Senado na Casa de Horrores descrita pela imprensa em sucessivos escândalos, possuem uma "cota" para nomeações políticas, sem concurso público, como se tivessem loteado aquela casa legislativa. Para o humorista Jô Soares, a situação deve ser encarada com naturalidade, diante do crescimento da família Sarney, que já não cabe mais nos estreitos limites geográficos do Maranhão e do Amapá, redutos eleitorais do senador, transbordando para a estrutura do Senado, um verdadeiro "coração de mãe" quando se trata de abrigar e acomodar membros da dinastia.

Advogado critica divulgação

O advogado Eduardo Ferrão condenou no dia 22, em nota à imprensa, a divulgação de diálogos entre seu cliente, o empresário Fernando Sarney, seus filhos e seu pai, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Nos diálogos, os interlocutores tratam da possibilidade de nomeação de Henrique Dias Bernardes, namorado da neta de Sarney, para um emprego no Senado, com o argumento de que a vaga pertencia à família.

Segundo Ferrão, as gravações são de conversas “estritamente privadas, sem qualquer conotação de ilicitudes”. Na nota, o advogado diz que se trata de uma “divulgação mutilada de trechos de longas conversas telefônicas mantidas entre familiares, que não revelam a prática de qualquer ato ilícito”.

No texto, o advogado diz ainda que o inquérito do qual foi retirada a transcrição dos diálogos tramita em segredo de Justiça por força de lei, “cuja inobservância, esta sim, constitui conduta criminosa”. “Sua propagação por meio da internet e de outros órgãos de imprensa constitui flagrante e inaceitável atentado a garantias estampadas na Constituição Federal”, afirma a nota do advogado de Fernando Sarney.

O advogado informou que serão tomadas oportunamente todas as medidas legais para a preservação dos direitos do empresário Fernando Sarney e “responsabilização dos infratores da lei”.

C/A

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